Cardio da Vida
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STRESS A MAIS FAZ MAL À SAÚDE

Artigo de José Ferreira Santos - Cardiologista

O QUE É O STRESS?

Em pequenas quantidades, o stress pode ser bom e ajudar-nos a ultrapassar desafios. No entanto, quando em excesso, pode ter um impacto negativo no nosso humor, bem-estar físico e mental, ou relações interpessoais.

O stress PODE SER NORMAL?

Uma resposta de stress é um mecanismo de defesa, que nos protege.

Permite que estejamos alerta, mais atentos, e que consigamos responder com as ações
que forem necessárias a situações inesperadas, ou menos habituais.

A produção e libertação de hormonas relacionadas com o stress, como a adrenalina e o cortisol, faz parte dessa reação de stress, e traduz-se num aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial para fazer face às maiores necessidades de oxigénio que os tecidos e órgãos têm nestas circunstâncias.

Assim, o stress agudo, pontual, é normal, protetor e faz parte do dia a dia de todos nós.

Acontece em ocasiões diversas e com intensidade variável: uma preocupação com alguém ou alguma coisa, um exame, ter de trabalhar depois de uma noite mal dormida, estar atrasado para ir buscar os filhos à escola, ter um prazo apertado para cumprir, e tantas outras.

E SE O STRESS PASSA A SER A REGRA?

Quando o stress é muito intenso ou persiste no tempo, em especial quando nos sentimos a perder o controlo, a nossa saúde mental e física pode ser colocada em risco.

Entre as causas comuns de stress crónico nos adultos contam-se:

Problemas conjugais

Dificuldades financeiras

Questões profissionais

Redução da libido

Dificuldade em conciliar a atividade profissional com a vida familiar, particularmente quando há crianças ou idosos a cargo

Solidão

Problemas conjugais

Dificuldades financeiras

Questões profissionais

Redução da libido

Dificuldade em conciliar a atividade profissional com a vida familiar, particularmente quando há crianças ou idosos a cargo

Solidão

Este stress mantido leva a alterações no organismo:

• No sistema nervoso autónomo

• No sistema cardiovascular

• Na coagulação

• Nos fatores de imunidade

O STRESS FAZ MAL AO CORAÇÃO?

O stress tem sido associado a um aumento do risco de eventos cardíacos, nomeadamente arritmias, enfarte agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral porque, pelos seus efeitos no organismo, o stress provoca:

• Instabilidade elétrica cardíaca;

• Isquemia do miocárdio;

• Rotura de placas de aterosclerose;

• Formação de coágulos no sangue;

• Aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca;

• Aumento dos valores de glicemia e de insulina em circulação.

Além disso, o stress associa-se ao consumo de álcool, tabaco e drogas, que também podem contribuir para o aparecimento de doenças cardíacas.

Na população em geral, o stress tem sido associado a um risco 30% superior de desenvolver problemas cardiovasculares.

Em pessoas com doença cardíaca conhecida, um episódio de stress agudo intenso – por exemplo, uma discussão, uma notícia menos boa ou até um jogo de futebol –, pode aumentar o risco de um evento agudo em quase cinco vezes.

Mais raramente e em situações extremas, o stress pode mesmo ser responsável por uma lesão aguda do coração, designada de síndrome do coração partido.

REDUZIR O STRESS  É BENÉFICO?

As intervenções que visam reduzir e gerir o stress  podem ajudar a prevenir o desenvolvimento de doenças cardíacas, aumentar a qualidade de vida e prolongar a vida livre de doenças. Estas procuram atingir um ou mais dos seguintes objetivos:

• Eliminar o fator causador de stress

• Alterar a perceção do fator de stress

• Reduzir as alterações fisiológicas do stress

• Encontrar alternativas para lidar com o fator de  stress

COMBATER O STRESS COM HÁBITOS DE VIDA SAUDÁVEL

Os fatores que provocam stress não são os mesmos para todas as pessoas, nem estas reagem de igual forma ou intensidade quando são afetadas pelos mesmos fatores.

Por isso, para combater o stress há que refletir e identificar, para cada pessoa, quais são fatores que o causam, qual é a sua importância relativa e tentar, então, controlar as reações físicas e psicológicas que induzem. É comum que esta tarefa precise de apoio profissional, por exemplo de médicos ou de psicólogos.

No entanto, há também iniciativas individuais que ajudam:

Fazer exercício físico tem múltiplos benefícios diretos e indiretos no controlo do stress e na saúde em geral: diminui as reações físicas ao stress – modera a resposta de aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial; contribui para uma boa saúde cardiovascular – ajuda a controlar o peso corporal e a pressão arterial e melhora a mobilidade; diminui o risco de ansiedade e depressão;

Fazer uma alimentação saudável;

Não fumar;

Beber com moderação bebidas álcoolicas;

Promover e cultivar as relações famíliares e de amizade permite ter uma boa rede apoio e diminui a probabilidade de optar por comportamentos de controlo de stress menos saudáveis;

Tente melhorar o equilíbrio entre a sua vida pessoal e a vida profissional. Quando a vida profissional, seja pela sua exigência ou por qualquer outra razão, é um fator de stress: estabeleça limites de horas de trabalho, goze os fins de semana e as férias, retome passatempos favoritos;

Reservar tempo para relaxar. Desde momentos sem fazer nada, até atividades específicas de relaxamento dependendo das preferências. A meditação, o yoga ou caminhadas ao ar livre podem ser boas opções.

Não existe uma forma de lidar com o stress, existem muitas formas! Só precisamos de descobrir o que funciona para cada um de nós!

Referências:

1. UNICEF. What is stress.

2. Chinnaiyan KM. Role of stress management for cardiovascular disease prevention.

3. Kivimäki M, Steptoe A. Effects of stress on the development and progression of cardiovascular disease. Nat Rev Cardiol 2018;15:215-29.

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