DOENÇAS DO CORAÇÃO! AS MULHERES ESTÃO MAIS PROTEGIDAS DO QUE OS HOMENS?
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José Ferreira Santos - Cardiologista
José Ferreira Santos
Cardiologista
Lígia Mendes - Cardiologista
Vanessa Santos
Fisiologista do exercício
- 21 abr 2023
É comum ouvir dizer que as mulheres têm menos risco de ter doenças cardiovasculares do que os homens! Será verdade?
Historicamente, a doença cardiovascular e suas manifestações, tais como o enfarte agudo do miocárdio ou o acidente vascular cerebral (AVC), eram efetivamente mais comuns em homens. No entanto, essas diferenças esbateram-se! Atualmente, as mulheres têm um risco de ter um evento cardiovascular igual ou superior ao dos homens.
Alguns factos sobre a doença cardiovascular nas mulheres:
A doença cardiovascular é a principal causa de morte em mulheres! Mata mais mulheres do que o cancro!
Até 2 em cada 10 mulheres desenvolvem hipertensão, diabetes e pré-eclâmpsia durante a gravidez, condições que aumentam o risco de desenvolver doença cardiovascular.
Após a menopausa, o risco de doença cardiovascular aumenta significativamente.
Frequentemente, as mulheres têm sintomas atípicos. o que contribui para um diagnóstico tardio de doenças cardiovasculares.
Os fatores de risco cardiovascular, tais como a hipertensão arterial e o colesterol elevado, são muitas vezes desvalorizados pelas mulheres e não são controlados, o que potencia o seu risco.
As mulheres têm fatores de risco cardiovasculares que os homens não têm, como alterações hormonais, doenças do ovário e complicações da gravidez, entre outras.
As doenças cardiovasculares na mulher são ainda desvalorizada por alguns médicos, o que pode atrasar o diagnóstico e tratamento efetivo.
QUE DOENÇAS CARDIOVASCULARES AFETAM AS MULHERES? E QUAIS OS SINTOMAS SUSPEITOS?
As mulheres podem ser afetadas pelas mesmas doenças cardiovasculares do que os homens. No entanto, nas mulheres o diagnóstico tende a ser mais tardio, o tratamento menos eficaz e o risco de complicações tendencialmente maior.


Os sintomas e as manifestações clínicas são frequentemente atípicos e nem sempre são associados a um evento cardiovascular.
Por esse motivo, sintomas intensos, mas pouco sugestivos de enfarte, como a dor no peito, mas que impedem a atividade normal, devem ser valorizados nas mulheres. Dor nas costas, falta de ar, náuseas, vómitos, desmaio ou apenas indisposição geral são sintomas que podem ter múltiplas causas, inclusive doenças cardiovasculares.
A GRAVIDEZ É UM FATOR DE RISCO CARDIOVASCULAR?
Não! No entanto, a gravidez e o período periparto (após o parto) são fases particularmente vulneráveis para a saúde cardiovascular da mulher. A gravidez é um estado fisiológico que aumenta o trabalho cardíaco e coloca em sobrecarga o sistema cardiovascular.
Entre 5 e 10% das grávidas desenvolvem hipertensão arterial e em alguns casos mais graves pré-eclâmpsia, doença que pode levar a complicações cardíacas graves e à interrupção prematura da gravidez.
O risco de diabetes gestacional é também de 5 a 10%, sendo que a diabetes pode persistir ou desaparecer após o parto. Mesmo nas mulheres cuja diabetes regride, o risco de reaparecimento persiste ao longo da vida. E a diabetes aumenta em duas vezes o risco de ter um evento cardíaco.
Existem outras complicações cardiovasculares da gravidez, felizmente mais raras:
– Cardiomiopatia periparto, que pode provocar insuficiência cardíaca grave;
– Disseção espontânea das artérias coronárias, que provoca enfarte agudo do miocárdio;
– Embolia pulmonar.
OS CONTRACETIVOS ORAIS AUMENTAM O RISCO DE DOENÇA CARDIOVASCULAR?

E DEPOIS DA MENOPAUSA? A TERAPÊUTICA HORMONAL DE SUBSTITUIÇÃO AUMENTA O RISCO CARDIOVASCULAR?
Com a menopausa existe uma redução drástica na produção de hormonas sexuais femininas, que têm ações cardioprotetoras.
A composição corporal altera-se, com o aumento da gordura visceral, com consequente aumento da inflamação e da resistência à insulina. Adicionalmente, o colesterol LDL aumenta 10 a 15% e o colesterol HDL diminui.
Somam-se alterações de humor, que contribuem para um círculo vicioso de redução da atividade física, aumento do peso e perturbações do sono, contribuindo para o desenvolvimento de hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia, fatores que aumentam o risco de desenvolver um evento cardiovascular.
A terapêutica hormonal de substituição tem sido alvo de controvérsia e deve ser discutida de forma individualizada com o médico assistente. Este tipo de tratamento não protege contra o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, conforme se acreditou durante muitos anos.
No entanto, a terapêutica hormonal de substituição é eficaz no controlo dos sintomas da menopausa e deve ser equacionada em mulheres com menos de 60 anos e nos primeiros 10 anos após a menopausa. O tipo de terapêutica deve ser ajustado em função dos fatores de risco cardiovascular ou antecedentes de doença cardíaca.
A DOENÇA CARDIOVASCULAR PODE SER PREVENIDA NAS MULHERES?
Da mesma forma que a doença cardiovascular pode ser prevenida nos homens, também as mulheres podem reduzir o risco de ter um enfarte agudo do miocárdio e de acidente vascular cerebral, em mais de 90%! Para isso, basta que adotem um estilo de vida saudável e controlem os fatores de risco.
Quer saber como está a sua saúde cardiovascular?


José Ferreira Santos - Cardiologista

Lígia Mendes - Cardiologista
- 21 abr 2023