Cardio da Vida
Procurar
Close this search box.
Procurar
Close this search box.

DOENÇAS DO CORAÇÃO! AS MULHERES ESTÃO MAIS PROTEGIDAS DO QUE OS HOMENS?

José Ferreira Santos - Cardiologista

José Ferreira Santos
Cardiologista

Lígia Mendes - Cardiologista

Lígia Mendes
Cardiologista

É comum ouvir dizer que as mulheres têm menos risco de ter doenças cardiovasculares do que os homens! Será verdade?

Historicamente, a doença cardiovascular e suas manifestações, tais como o enfarte agudo do miocárdio ou o acidente vascular cerebral (AVC), eram efetivamente mais comuns em homens. No entanto, essas diferenças esbateram-se! Atualmente, as mulheres têm um risco de ter um evento cardiovascular igual ou superior ao dos homens.

Alguns factos sobre a doença cardiovascular nas mulheres:

A doença cardiovascular é a principal causa de morte em mulheres! Mata mais mulheres do que o cancro!

Até 2 em cada 10 mulheres desenvolvem hipertensão, diabetes e pré-eclâmpsia durante a gravidez, condições que aumentam o risco de desenvolver doença cardiovascular.

Após a menopausa, o risco de doença cardiovascular aumenta significativamente.

Frequentemente, as mulheres têm sintomas atípicos. o que contribui para um diagnóstico tardio de doenças cardiovasculares.

Os fatores de risco cardiovascular, tais como a hipertensão arterial e o colesterol elevado, são muitas vezes desvalorizados pelas mulheres e não são controlados, o que potencia o seu risco.

As mulheres têm fatores de risco cardiovasculares que os homens não têm, como alterações hormonais, doenças do ovário e complicações da gravidez, entre outras.

As doenças cardiovasculares na mulher são ainda desvalorizada por alguns médicos, o que pode atrasar o diagnóstico e tratamento efetivo.

QUE DOENÇAS CARDIOVASCULARES AFETAM AS MULHERES? E QUAIS OS SINTOMAS SUSPEITOS?

As mulheres podem ser afetadas pelas mesmas doenças cardiovasculares do que os homens. No entanto, nas mulheres o diagnóstico tende a ser mais tardio, o tratamento menos eficaz e o risco de complicações tendencialmente maior.

Os sintomas e as manifestações clínicas são frequentemente atípicos e nem sempre são associados a um evento cardiovascular. 

Por esse motivo, sintomas intensos, mas pouco sugestivos de enfarte, como a dor no peito, mas que impedem a atividade normal, devem ser valorizados nas mulheres. Dor nas costas, falta de ar, náuseas, vómitos, desmaio ou apenas indisposição geral são sintomas que podem ter múltiplas causas, inclusive doenças cardiovasculares.

A GRAVIDEZ É UM FATOR DE RISCO CARDIOVASCULAR?

Não! No entanto, a gravidez e o período periparto (após o parto) são fases particularmente vulneráveis para a saúde cardiovascular da mulher. A gravidez é um estado fisiológico que aumenta o trabalho cardíaco e coloca em sobrecarga o sistema cardiovascular. 

Entre 5 e 10% das grávidas desenvolvem hipertensão arterial e em alguns casos mais graves pré-eclâmpsia, doença que pode levar a complicações cardíacas graves e à interrupção prematura da gravidez. 

O risco de diabetes gestacional é também de 5 a 10%, sendo que a diabetes pode persistir ou desaparecer após o parto. Mesmo nas mulheres cuja diabetes regride, o risco de reaparecimento persiste ao longo da vida. E a diabetes aumenta em duas vezes o risco de ter um evento cardíaco. 

Existem outras complicações cardiovasculares da gravidez, felizmente mais raras:

– Cardiomiopatia periparto, que pode provocar insuficiência cardíaca grave;

– Disseção espontânea das artérias coronárias, que provoca enfarte agudo do miocárdio;

– Embolia pulmonar.

OS CONTRACETIVOS ORAIS AUMENTAM O RISCO DE DOENÇA CARDIOVASCULAR?

As mulheres saudáveis podem utilizar com segurança todos os métodos contracetivos. No entanto, as pílulas com estrogénios na sua composição contribuem para um pequeno aumento do risco de doenças cardiovasculares, quer de trombose venosa profunda, quer de enfarte agudo do miocárdio ou de acidente vascular cerebral. Quando existem outros fatores de risco, nomeadamente hipertensão arterial ou uso de tabaco, esse risco aumenta exponencialmente. Na presença de fatores de risco cardiovasculares ou de doença cardíaca estabelecida, podem e devem ser discutidos com o médico assistente outros tipos de contracetivos, sem recurso a pílulas com estrogénios.

E DEPOIS DA MENOPAUSA? A TERAPÊUTICA HORMONAL DE SUBSTITUIÇÃO AUMENTA O RISCO CARDIOVASCULAR?

Com a menopausa existe uma redução drástica na produção de hormonas sexuais femininas, que têm ações cardioprotetoras. 

A composição corporal altera-se, com o aumento da gordura visceral, com consequente aumento da inflamação e da resistência à insulina. Adicionalmente, o colesterol LDL aumenta 10 a 15% e o colesterol HDL diminui. 

Somam-se alterações de humor, que contribuem para um círculo vicioso de redução da atividade física, aumento do peso e perturbações do sono, contribuindo para o desenvolvimento de hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia, fatores que aumentam o risco de desenvolver um evento cardiovascular. 

A terapêutica hormonal de substituição tem sido alvo de controvérsia e deve ser discutida de forma individualizada com o médico assistente. Este tipo de tratamento não protege contra o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, conforme se acreditou durante muitos anos. 

No entanto, a terapêutica hormonal de substituição é eficaz no controlo dos sintomas da menopausa e deve ser equacionada em mulheres com menos de 60 anos e nos primeiros 10 anos após a menopausa. O tipo de terapêutica deve ser ajustado em função dos fatores de risco cardiovascular ou antecedentes de doença cardíaca.

A DOENÇA CARDIOVASCULAR PODE SER PREVENIDA NAS MULHERES?

Da mesma forma que a doença cardiovascular pode ser prevenida nos homens, também as mulheres podem reduzir o risco de ter um enfarte agudo do miocárdio e de acidente vascular cerebral, em mais de 90%! Para isso, basta que adotem um estilo de vida saudável e controlem os fatores de risco.

Quer saber como está a sua saúde cardiovascular?

FAÇA O SEU REGISTO E NÃO PERCA AS NOVIDADES

Assine a newsletter e receba mensalmente sugestões de artigos e insights dos especialistas do Cardio da Vida!
Caso não encontre o nosso email, por favor, verifique a sua caixa de spam ou de lixo eletrónico.