Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) e Doença Cardiovascular

Margarida Duarte Barata - Pneumologista | Somnologista
Publicado no dia 11 de outubro de 2024
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As doenças cardiovasculares são duas a três vezes mais frequentes em doentes com DPOC, nomeadamente a doença das artérias coronárias, a insuficiência cardíaca e a fibrilhação auricular. Estima-se que 1 em cada 3 doentes com DPOC apresente uma doença cardiovascular associada aumentando o risco de complicações de ambas as doenças. Por exemplo, após a agudização da DPOC o risco de enfarte agudo do miocárdio aumenta significativamente.
A estreita relação entre a DPOC e a doença cardiovascular, que partilham fatores de risco e mecanismos fisiopatológicos, obriga a uma abordagem e gestão conjunta de ambas as doenças.
DPOC: Saiba tudo sobre esta doença
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), é uma doença comum, afetando mais de 5% da população mundial. Caracteriza-se por sintomas persistentes como a dispneia (falta de ar), a tosse e a expetoração devido a alterações das vias aéreas (bronquite) e/ou alvéolos (enfisema).

Quais são as causas e os fatores de risco?
Ocorre devido à interação entre fatores genéticos e ambientais ao longo da vida. São considerados fatores de risco para vir a desenvolver DPOC a exposição a fumo do tabaco e outros fumos (poluição ambiental e exposição ocupacional), fatores genéticos, fatores que afetem o crescimento e desenvolvimento dos pulmões (asma, bronquite crónica, infeções respiratórias).

Stolz D et al. Towards the elimination of chronic obstructive pulmonary disease: a Lancet Commission, 2022;400(10356):921-972.
Como diagnosticar?
Deve suspeitar-se do diagnóstico de DPOC nos indivíduos com dispneia (falta de ar), cansaço e/ou limitação nas atividades físicas e/ou tosse com ou sem expetoração.
Perante a suspeita do diagnóstico, a sua confirmação requer a realização de espirometria (exame que avalia a função pulmonar) que demonstre a presença de obstrução persistente do débito aéreo.

Como tratar?
• Cessação tabágica;
• Prevenção de infeções (através da vacinação contra a gripe, COVID-19 e vacinação pneumocócica);
• Controlo de sintomas – através de fármacos geralmente inalados (broncodilatadores);
• Reabilitação respiratória – inclui treino de exercício e educação específica para a doença;
• Em fases mais avançadas e em doentes que reúnam critérios poderá ser necessário o uso de oxigénio ou ventilação não invasiva, realização de terapêuticas broncoscópicas / cirúrgicas, e/ou cuidados paliativos.
Assim sendo, as melhores formas de controlar a evolução e os efeitos da doença são: o diagnóstico precoce, o acompanhamento médico adequado, a cessação tabágica e a reabilitação respiratória.
Saiba que:
• A Reabilitação Respiratória melhora a capacidade para o exercício, os sintomas e a qualidade de vida de doentes com DPOC.
Tome nota, procure o seu médico se:
• É fumador ou tem exposição a fumos ou poeiras que afetem o aparelho respiratório;
• Tem sintomas como a dispneia (falta de ar), limitação nas atividades físicas, tosse com ou sem expetoração;
• Tem infeções respiratórias frequentes.
1. Bugalho A. et al. Pneumologia fundamental. LIDEL, 2019;
2. Bassetti C. et al. Sleep Medicine Textbook, 2nd edition. European Sleep Research Society (ESRS), 2021;
3. Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease – 2024 report;
4. Donaldson GC et al. Chest 2010;137:1091−1097; 5. Morgan AD. Ther Adv Respir Dis. 2018;12:1–16