MITO: NÃO POSSO REALIZAR EXERCÍCIO FÍSICO PORQUE TENHO INSUFICIÊNCIA CARDÍACA?
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A insuficiência cardíaca é caracterizada pela incapacidade de o músculo cardíaco bombear sangue suficiente para atender às necessidades de sangue e oxigénio do corpo. A intolerância ao exercício está intrinsecamente ligada à própria insuficiência cardíaca.
Nas décadas de 1930/1940 acreditava-se que o doente com insuficiência cardíaca tinha necessidade de repouso absoluto. Até ao final da década de 1980, o exercício era considerado inseguro para o doente com formas crónicas desta síndrome. Não era claro se algum benefício poderia ser obtido com a reabilitação, e existia a preocupação com a segurança do doente, com a crença de que o esforço adicional causaria mais danos no músculo cardíaco. Muitos doentes com insuficiência cardíaca têm, por isso, desenvolvido padrões sedentários, que por si promovem e agravam a intolerância ao exercício. Não estando relacionado apenas com a função cardíaca, mas também com a retenção de líquidos e atrofia muscular, que ocorrem com o desenvolver da doença.
Os doentes com insuficiência cardíaca precisam de ser encorajados a aumentar sua atividade física e a desenvolver uma rotina regular de exercício físico. Idealmente, devem integrar um programa de reabilitação cardíaca monitorizado e acompanhado.
Os doentes com insuficiência cardíaca precisam de ser encorajados a aumentar sua atividade física e a desenvolver uma rotina regular de exercício físico. Idealmente, devem integrar um programa de reabilitação cardíaca monitorizado e acompanhado.
BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
Inúmeros estudos científicos foram realizados nesta população e demonstraram a segurança e os inúmeros benefícios que o exercício físico promove neste grupo específico de doentes. Uma prática regular, bem prescrita e monitorizada, oferece benefícios fisiológicos e psicológicos substanciais. O exercício físico é considerado um componente integral do tratamento não farmacológico da insuficiência cardíaca, sendo seguro e benéfico, associado a uma redução significativa na mortalidade e nos internamentos hospitalares.
Adicionalmente, o exercício físico regular demonstrou melhorias na capacidade de exercício, na carga de trabalho, duração do exercício, capacidade funcional, controlo de fatores de risco, melhorias da qualidade de vida, força muscular e ainda na função endotelial.
Nos doentes com insuficiência cardíaca, o programa de exercício físico deve evoluir de forma gradual em termos de intensidade, iniciando sem cargas externas ou equipamentos complexos. Devem fazer parte integrante destes programas, exercícios para o trabalho da capacidade cardiorrespiratória, mas também de força muscular. O exercício físico deve ser variado, procurando trabalhar o corpo num todo, devolvendo as capacidades físicas funcionais de forma mais eficaz e eficiente.
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Artigo de Vanessa Santos - Fisiologista do exercício
- 02 mar 2022
Sou fisiologista do exercício, doutorada em atividade física e saúde, especialista em exercício clínico. Conheço bem os benefícios que o exercício físico promove na nossa saúde e o que me move é poder ajudar quem mais precisa, a prevenir e/ou recuperar patologias clínicas, através do exercício físico regular, promovendo estilos de vida ativos e saudáveis.