Impacto dos exercícios com peso corporal na força e flexibilidade

vanessa santos

Vanessa Santos - Fisiologista do exercício

Publicado no dia 14 de fevereiro de 2025

A prática regular de exercício físico é amplamente reconhecida como um dos principais pilares para a promoção da saúde e do bem-estar. O sedentarismo está associado a um risco aumentado de diversas condições crónicas, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, obesidade e disfunção musculoesquelética. A atividade física desempenha um papel fundamental na prevenção e no controlo dessas patologias, promovendo benefícios tanto a nível fisiológico quanto psicológico.

Além da melhoria da condição física, o exercício também influencia positivamente o humor, reduzindo os níveis de ansiedade e depressão e melhorando a qualidade do sono.

Entre as diversas modalidades de exercício, o treino de força e a prática de exercícios de flexibilidade são essenciais para a melhoria da qualidade de vida , permitindo a realização de atividades diárias com maior eficiência e menor risco de lesões.

O treino de força, em particular, contribui para o aumento da massa muscular, a melhoria da composição corporal e a manutenção da densidade mineral óssea, fatores cruciais na prevenção de doenças como a osteoporose e a sarcopenia. Com o envelhecimento, há uma perda progressiva da força e da função muscular, sendo que a prática regular de exercícios de resistência pode atrasar esse declínio, promovendo maior independência e qualidade de vida em idosos.

O que muitos desconhecem é que esses benefícios podem ser alcançados sem a necessidade de equipamentos sofisticados ou a obrigatoriedade de frequentar um ginásio. O treino com peso corporal, também denominado calistenia, é uma estratégia eficaz para melhorar a força, a resistência muscular e a flexibilidade, sendo uma opção acessível para indivíduos de todas as idades e níveis de condição física. Exercícios como flexões, agachamentos, lunges e pranchas são excelentes para o fortalecimento muscular, enquanto alongamentos estáticos e dinâmicos auxiliam na mobilidade articular e na recuperação pós-treino.

Os exercícios de força com o peso do corpo visam aumentar a capacidade dos músculos de gerar tensão contra uma resistência, promovendo adaptações neuromusculares e estruturais que resultam no aumento da massa muscular, na melhoria do desempenho funcional e na prevenção de lesões. Estudos indicam que este tipo de treino é eficaz na melhoria da força e da resistência muscular, comparável ao treino com pesos externos, desde que seja realizado com progressão adequada e variações de intensidade.

Além dos benefícios musculares, a flexibilidade é outro componente fundamental do treino físico, pois influencia diretamente a amplitude de movimento das articulações e a eficiência dos padrões de movimento. A flexibilidade é particularmente importante para a prevenção de lesões musculoesqueléticas, pois reduz a rigidez muscular, melhora a coordenação motora e contribui para a correção postural. Exercícios regulares de alongamento são recomendados para indivíduos de todas as idades, especialmente para aqueles que apresentam padrões de movimento restritos devido ao sedentarismo ou a ocupações que exigem longos períodos sentados.

Estudos científicos demonstram que os exercícios de força e flexibilidade realizados sem equipamentos podem ser tão eficazes quanto aqueles que utilizam máquinas ou pesos externos. Por exemplo, um estudo publicado na revista Motriz avaliou o efeito agudo de exercícios de flexibilidade estática no desempenho de força máxima e resistência de força em membros inferiores e superiores. Os resultados indicaram que a flexibilidade estática pode influenciar positivamente o desempenho de força, destacando a importância da integração desses dois componentes no treino físico.

Além disso, uma revisão crítica sobre o efeito de treinos de flexibilidade na força e no torque muscular sugere que a prática regular de alongamentos pode contribuir para melhorias na força muscular, mesmo sem o uso de equipamentos adicionais. A elasticidade muscular influencia diretamente a capacidade de produção de força e a eficiência do movimento, sendo um fator determinante na performance desportiva e na prevenção de lesões.

A incorporação de exercícios de força e flexibilidade na rotina diária, sem a necessidade de equipamentos, representa uma abordagem acessível, eficaz e cientificamente validada para a promoção da saúde e do bem-estar físico. Além de serem facilmente integráveis ao dia a dia, estes exercícios podem ser ajustados conforme o nível de aptidão física do praticante, permitindo progressão gradual e minimizando o risco de lesões. A seguir, são apresentados exercícios que contribuem significativamente para o fortalecimento muscular e a melhoria da flexibilidade, promovendo benefícios globais ao corpo.

5 exercícios de força sem equipamentos

Os exercícios de força são fundamentais para a manutenção da massa muscular, aumento da densidade óssea e melhoria da postura. Estudos indicam que o treino com o peso corporal pode ser tão eficaz quanto o treino com cargas externas, desde que a intensidade seja ajustada e haja uma progressão adequada. A seguir, são apresentados cinco exemplos de exercícios:

1. Flexões de Braço (Push-ups):

  • Trabalham peitoral, tríceps e deltoides, além de recrutarem músculos estabilizadores do core;
  • Variações podem incluir flexões com os joelhos apoiados, flexões inclinadas para iniciantes ou declinadas para maior dificuldade;
  • Estudos demonstram que este exercício é eficaz no aumento da força da parte superior do corpo.

1. Flexões de Braço (Push-ups):

  • Trabalham peitoral, tríceps e deltoides, além de recrutarem músculos estabilizadores do core;
  • Variações podem incluir flexões com os joelhos apoiados, flexões inclinadas para iniciantes ou declinadas para maior dificuldade;
  • Estudos demonstram que este exercício é eficaz no aumento da força da parte superior do corpo.

2. Agachamentos (Squats):

  • Fortalecem quadríceps, glúteos e músculos posteriores da coxa, além de promoverem mobilidade articular;
  • A profundidade do agachamento pode ser ajustada conforme a capacidade individual;
  • O treino de agachamento melhora a função muscular e o equilíbrio, sendo essencial para a prevenção de quedas em idosos.

agachamento

3. Afundos (Lunges):

  • Trabalham os músculos das pernas e glúteos e melhoram o equilíbrio e a coordenação;
  • Devem ser executados com controle postural, garantindo alinhamento adequado dos joelhos;
  • Pesquisas indicam que lunges são eficazes no fortalecimento dos músculos dos membros inferiores e no aumento da resistência muscular.

3. Afundos (Lunges):

  • Trabalham os músculos das pernas e glúteos e melhoram o equilíbrio e a coordenação;
  • Devem ser executados com controle postural, garantindo alinhamento adequado dos joelhos;
  • Pesquisas indicam que lunges são eficazes no fortalecimento dos músculos dos membros inferiores e no aumento da resistência muscular.

4. Prancha Abdominal:

  • Exercício isométrico que fortalece o core, incluindo abdómen, costas e ombros;
  • O tempo de permanência na prancha pode ser progressivamente aumentado para melhorar a resistência muscular;
  • Estudos sugerem que pranchas são mais eficazes do que abdominais convencionais para fortalecer o core e prevenir lesões lombares.

Prancha
Elevação pélvica

5. Elevação Pélvica (Ponte de glúteos):

  • Focado nos glúteos e região posterior da coxa, auxilia na estabilização do core e na prevenção de dores lombares;
  • Pode ser intensificado elevando uma perna enquanto mantém a posição;
  • Exercícios de ativação do glúteo, como a ponte, são fundamentais para a estabilidade do quadril e da coluna.

5. Elevação Pélvica (Ponte de glúteos):

  • Focado nos glúteos e região posterior da coxa, auxilia na estabilização do core e na prevenção de dores lombares;
  • Pode ser intensificado elevando uma perna enquanto mantém a posição;
  • Exercícios de ativação do glúteo, como a ponte, são fundamentais para a estabilidade do quadril e da coluna.

Elevação pélvica

5 exercícios de flexibilidade sem equipamentos

A flexibilidade é um componente essencial da aptidão física, influenciando a mobilidade articular e a eficiência do movimento. Exercícios de alongamento regulares ajudam a reduzir a rigidez muscular e a melhorar a amplitude de movimento, sendo especialmente benéficos para indivíduos com padrões de movimento restritos devido ao sedentarismo ou ocupações que exigem longos períodos sentados. A seguir, apresentam-se cinco exemplos de alongamentos corporais.

1. Alongamento dos Isquiotibiais:

  • Execução: Sentado no chão com as pernas estendidas, inclinar o tronco à frente e tentar alcançar os pés;
  • Benefícios: Melhora a flexibilidade dos músculos posteriores da coxa e reduz a tensão na lombar;
  • Evidência científica: Estudos indicam que o alongamento dos isquiotibiais melhora a mobilidade pélvica e reduz o risco de lesões musculares.

Quadriceps

2. Alongamentos do Quadríceps:

  • Execução: Em pé, puxar um dos pés em direção aos glúteos, mantendo os joelhos alinhados;
  • Benefícios: Auxilia na flexibilidade da parte frontal da coxa e na prevenção de desequilíbrios musculares;
  • Evidência científica: A prática regular melhora a mobilidade do quadril e reduz a fadiga muscular em corredores.

2. Alongamentos do Quadríceps:

  • Execução: Em pé, puxar um dos pés em direção aos glúteos, mantendo os joelhos alinhados;
  • Benefícios: Auxilia na flexibilidade da parte frontal da coxa e na prevenção de desequilíbrios musculares;
  • Evidência científica: A prática regular melhora a mobilidade do quadril e reduz a fadiga muscular em corredores.

Quadriceps

3. Alongamento do Peitoral: o Execução:

  • De pé, entrelaçar as mãos atrás das costas e elevar os braços, expandindo o peito;
  • Benefícios: Melhora a postura e alivia tensões nos ombros e parte superior do tronco;
  • Evidência científica: Estudos sugerem que o alongamento do peitoral reduz o risco de dores cervicais e torácicas em trabalhadores de escritório.

4. Alongamento do Trapézio:

  • Execução: Sentado ou em pé, inclinar a cabeça lateralmente, aproximando a orelha do ombro;
  • Benefícios: Ajuda a aliviar tensões na região cervical e melhora a mobilidade do pescoço;
  • Evidência científica: O alongamento regular do trapézio pode reduzir cefaleias tensionais e melhorar a amplitude de movimento cervical.

4. Alongamento do Trapézio:

  • Execução: Sentado ou em pé, inclinar a cabeça lateralmente, aproximando a orelha do ombro;
  • Benefícios: Ajuda a aliviar tensões na região cervical e melhora a mobilidade do pescoço;
  • Evidência científica: O alongamento regular do trapézio pode reduzir cefaleias tensionais e melhorar a amplitude de movimento cervical.

5. Alongamento do Psoas:

  • Execução: Em posição de afundo, com um joelho no chão, empurrar a anca para a frente;
  • Benefícios: Fundamental para quem passa longos períodos sentado, reduzindo dores lombares e melhorando a mobilidade do quadril;
  • Evidência científica: Pesquisas indicam que a rigidez do psoas está associada a um aumento do risco de dores lombares e disfunções posturais.

A incorporação de exercícios de força e flexibilidade sem a necessidade de equipamentos é uma alternativa acessível, prática e cientificamente validada para a manutenção da saúde física. A prática regular desses exercícios contribui para o fortalecimento muscular, melhoria da mobilidade articular e prevenção de lesões, sendo benéfica para indivíduos de todas as idades e níveis de aptidão física.

No entanto, é essencial realizar os exercícios com técnica adequada e aumentar a intensidade progressivamente, garantindo uma adaptação segura e eficiente do organismo. Além disso, é recomendável consultar um profissional como um Fisiologista do Exercício para a elaboração de um plano individualizado que atenda às suas necessidades específicas. A prática consciente e orientada de exercícios físicos é um dos pilares para um estilo de vida saudável e equilibrado.

Referências:

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