Estudo RADICAL – Rastreio Digital do Risco Cardiovascular
Hélder Dores - Cardiologista
Publicado no dia 29 de dezembro de 2023
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As doenças cardiovasculares constituem as principais causas, sendo responsáveis por 30% dos óbitos em Portugal. Adicionalmente, condicionam elevada morbilidade e impacto socioeconómico, decorrentes dos avultados custos no tratamento de doenças como o enfarte agudo do miocárdio, a insuficiência cardíaca, o acidente vascular cerebral, entre outras, bem como da perda de produtividade.
Alterar este verdadeiro problema de Saúde Pública é fulcral e deve começar na prevenção cardiovascular. Aproximadamente 80% das doenças cardiovasculares podem ser prevenidas por alteração do estilo de vida e controlo adequado dos fatores de risco cardiovascular, sendo que uma em cada três mortes pode ser evitada.
No entanto, a prevenção é uma intervenção subestimada e a evidência revela um mau controlo generalizado nos indivíduos com fatores de risco cardiovascular.
Estratificar o risco para melhorar a prevenção cardiovascular
Neste âmbito, o primeiro passo para melhorar a prevenção cardiovascular é estratificar o risco, permitindo a adoção de medidas preventivas e terapêuticas ajustadas a este risco. Existem vários scores de estratificação de risco, extensamente validados e recomendados, que são aplicados na prática clínica por médicos. Contudo, a estratificação de risco autorreportada pode ser particularmente adequada para ambientes com recursos limitados, onde se torna imperativo salvar o maior número de vidas com os menores custos em saúde.
Na atual era caracterizada pela disponibilidade de diversas ferramentas digitais que facilitam a relação e aproximam o médico das populações, o envolvimento dos doentes por via digital na sua própria estratificação de risco poderá facilitar a deteção precoce dos indivíduos com maior risco e que deverão ser posteriormente avaliados em consultas médicas.
Conhecer o risco cardiovascular dos portugueses
O Estudo RADICAL, aprovado pela Comissão de Ética da NOVA Medical School, tem como objetivo principal avaliar o risco cardiovascular autorreportado numa amostra da população portuguesa, utilizando uma ferramenta digital.
O estudo inclui uma ferramenta de avaliação de risco cardiovascular, que consiste num questionário com 23 questões, que contempla a avaliação de fatores de risco não modificáveis e modificáveis, com recolha das variáveis: sexo, idade, peso, altura, hábitos tabágicos, hábitos de sono, hábitos alimentares, prática de exercício físico, valores de pressão arterial e parâmetros do perfil lipídico.
Os critérios de inclusão são adultos entre 40 e 69 anos e sem doença cardiovascular conhecida (doença das artérias coronárias, enfarte agudo do miocárdio, tratamento prévio das artérias coronárias por cateterismo ou cirurgia, acidente vascular cerebral ou acidente isquémico transitório, doença arterial periférica carotídea ou nos membros inferiores, insuficiência cardíaca, fibrilhação auricular, aneurismas da artéria aorta, doenças das válvulas cardíacas ou outras reportadas).
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