
AS APPS PARA MEDIR A FREQUÊNCIA CARDÍACA SÃO CONFIÁVEIS?

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Saiba como funcionam os aplicativos (apps) para smartphones (telemóveis inteligentes) que medem a frequência cardíaca e detetam arritmias. Os aplicativos para smartphones que permitem fazer uma autoavaliação e monitorização da frequência e do ritmo cardíaco multiplicaram-se nos últimos anos.
Uma pesquisa rápida nas lojas de aplicativos da Apple ou Google facilmente devolve dezenas de soluções que podem ser instaladas num qualquer smartphone.
Este texto refere-se apenas aos aplicativos dos smartphones que não requerem qualquer periférico (como relógios, por exemplo).
Apesar de as apps poderem ser úteis, é
importante compreender como
funcionam e qual a sua fiabilidade.
Como funcionam os aplicativos que medem o ritmo cardíaco?
Os aplicativos que avaliam a frequência e ritmo cardíaco e que podem ser instalados em qualquer smartphone, funcionam com base na fotopletismografia.
Esta tecnologia identifica alterações na absorção de luz pelos tecidos, o que permite medir, de forma indireta, variações no volume sanguíneo das artérias e capilares. .
A atividade cardíaca avaliada pelos aplicativos, com recurso à fotopletismografia, é medida indiretamente através do pulsar das nossas artérias e capilares e não da atividade elétrica cardíaca, como é feito, por exemplo, num eletrocardiograma.
Dependendo do aplicativo usado, a medição da frequência e ritmo cardíaco pode ser feita por:
- Análise dos capilares por contacto, ou seja, colocando um dedo na câmara do smartphone;
- Reconhecimento facial, apontando a câmara para o rosto.
Estes aplicativos são rigorosos?
Estas apps são bastante fiáveis a medir a frequência cardíaca (número de batimentos cardíacos por minuto). Quando comparadas com um eletrocardiograma convencional, as variações são de 2 a 8 batimentos por minuto.
No entanto, existem múltiplos artefactos que podem interferir nesta medição, tais como:
PRESSÃO APLICADA NO
CONTACTO DO DEDO
INTENSIDADE DA LUZ
AMBIENTE
MOVIMENTO
TÓNUS DA PELE
Assim, poderá ser necessário validar os resultados encontrados com outro tipo de equipamento, ou até mesmo com a palpação manual do pulso.
Outra das limitações é a utilização destes aplicativos durante o exercício, em que a medição da frequência cardíaca pode ser pouco fiável. Por esse motivo, não devem ser usados para monitorizar a pulsação durante o treino físico.
Além da medição da frequência cardíaca, algumas apps detectam também alterações do ritmo cardíaco (arritmias).

No entanto, na maioria dos casos, não é possível identificar o tipo de
arritmia em causa. Para tal, será necessário fazer outros exames, como um
eletrocardiograma ou um Holter de 24 horas.
Caso pretenda experimentar, o Cardiio ou o Fibricheck são exemplos de aplicativos que foram testados
e validados para medir a frequência cardíaca e detetar arritmias.
Lembre-se!
Qualquer resultado anormal que um aplicativo identifique deve ser discutido com o seu médico e poderá ser necessário realizar alguns exames complementares de diagnóstico dirigidos a uma eventual suspeita clínica.
Além da medição da frequência cardíaca e da deteção de arritmias, os aplicativos para smartphone não devem ser usados para a medição da pressão arterial ou para o diagnóstico de doenças cardíacas. Nestes casos, dependendo do objetivo, complementar o aplicativo com periféricos – wearables – devidamente certificados e validados pode ser uma opção.
Referências:
1. Chan PH, et al. Diagnostic performance of a smartphone-based photoplethysmographic application for atrial fibrillation screening in a primary care setting. J Am Heart Assoc 2016;5:e003428.
2. Li KHC, et al. The current state of mobile phone apps for monitoring heart rate, heart rate variability, and atrial fibrillation: Narrative review. JMRI 2019;7:e11606.
3. Proesmans T, et al. Mobile phone-based use of the photoplethysmography technique to detect atrial fibrillation in primary care: Diagnostic accuracy study of the FibriCheck App. JMRI 2019;7:e12284.
4. Sana F, et al. Wearable devices for ambulatory cardiac monitoring: JACC state-of-the-art review. J Am Coll Cardiol 2020;75:1582-92.

Artigo de José Ferreira Santos - Cardiologista
- 09 jun 2022
Como médico, recomendo frequentemente aos meus doentes que mudem o seu estilo de vida para minimizar o risco ou controlar a sua doença cardíaca. Acredito que ter conhecimento significa ter o poder para fazermos melhores escolhas. As escolhas certas para termos uma vida longa, com mais energia e feliz. É essa a minha motivação pessoal!