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Quantos passos por dia reduzem o risco de mortalidade e problemas cardiovasculares?

Artigo de Lígia Mendes - Cardiologista
14 dez 2023

Todos sabemos que a atividade física regular reduz o risco de doenças cardiovasculares e a mortalidade por todas as causas na população em geral. 

A contagem diária de passos é uma métrica fácil de usar e pode ser um incentivo para melhorar a adesão à atividade física, traduzindo-se por acréscimo de valor em saúde. 

Estudos recentes apontam que caminhar 1000 passos a mais por dia pode reduzir o risco de mortalidade em 12% a 15%. Estes números sugerem uma melhor qualidade de vida, especialmente nos anos mais avançados. 

No entanto, apesar do conhecimento geral sobre o potencial benéfico das caminhadas, as recomendações de 2020 da Organização Mundial da Saúde sobre atividade física e comportamento sedentário ainda não especificam limiares de contagem de passos. Várias meta-análises examinaram qualitativamente a associação dose-resposta da contagem diária de passos, mas a extração de dados objetivos para identificar doses mínimas e ótimas de contagem de passos ainda não tinha sido totalmente estabelecida até agora.

Vivemos num ritmo frenético, repleto de informação e sobrecarregados de estímulos que desgastam a nossa saúde mental, levando a situações de stress e exaustão.

Para preencher essa lacuna, esta revisão sistemática e meta-análise examina a associação dose-resposta de métricas de contagem de passos medidas objetivamente com a mortalidade por todas as causas e a incidência da doença cardiovascular na população geral. Avaliou também os potenciais efeitos modificadores como: género. a cadência de passos. o tipo de dispositivos usados, podómetro vs. acelerómetro de pulso ou de anca. 

Os autores pesquisaram bases de dados eletrónicas desde 1964 até outubro de 2022. Os eventos considerados importantes foram a mortalidade de todas as causas e o aparecimento de doença cardiovascular. No total, foram incluídos 111.309 indivíduos de 12 estudos. Reduções significativas do risco foram observadas a partir dos 2517 passos/dia para mortalidade por todas as causas 

e de 2735 passos/dia para o aparecimento da doença cardiovascular (enfarte, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca) em comparação com 2000 passos/dia (que funcionou como grupo controlo, i.e. pessoas que apenas faziam até 2000 passos por dia). Mais passos por dia resultaram em reduções de risco não lineares, sendo que a dose ótima determinada foi de 8763 passos por dia para a mortalidade de todas as causas e 7126 passos por dia para o risco de morte cardiovascular. Cadências e ritmos mais rápidos traduziram-se por menos mortes e menos doença, ou seja, cadência intermédia teve mais benefício do que cadência baixa e cadência rápida mais benefício do que cadência intermédia. O género não influenciou as associações dose-resposta. Diferentes dispositivos (podómetros vs. acelerómetros) também não influenciaram os resultados de benefício com o aumento de número de passos. 

O exercício físico pode ser um dos mais importantes aliados para o ajudar a sobreviver aos dias intensos e esgotantes psicologicamente.

Principais conclusões:

A partir de 2600 passos por dia existe uma redução da mortalidade, e que a dose ótima de passos para obter o benefício máximo é de 8800 passos dia.

A diminuição de risco de doença cardiovascular surge com apenas 2000 passos por dia e a dose ótima é cerca de 7200 passos por dia.

Benefícios adicionais de mortalidade foram encontrados numa cadência moderada a alta versus uma cadência de passo baixo.

Referências:

1. Stens NA, et al. Relationship of Daily Step Counts to All-Cause Mortality and Cardiovascular Events. J Am Coll Cardiol. 2023;82(15):1483-1494.

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